17 dezembro 2009

Amar é tudo!



Ao tomar o metrô em São Paulo, num domingo, vejo entrando após mim, abruptamente um homem e seus filhos. As crianças corriam desenfreadas, gritavam, berravam e se agarravam numa luta corpo a corpo sem que o pai fizesse nada para impedi-las.
Por fim, eu virei-me para o pai e disse:
"Senhor, talvez o senhor pudesse restaurar a ordem aqui, pedindo a seus filhos que parassem e se sentassem."
"Eu sei que deveria fazer alguma coisa — replicou o homem. — Acabamos de vir do hospital. A mãe deles morreu faz uma hora. Simplesmente não sei o que fazer."

Nosso coração de pedra torna-se coração de carne quando ficamos sabendo em que altura as pessoas choram.

Oi, eu sou a Isabel. Não vou contar como me converti, vou apenas relatar por qual causa eu sou inconformada: A falta de amor. Não sou boba, nem derretida, dificilmente choro. Mas me compadeço das pessoas. Certa noite numa conferência enquanto via pessoas falando em linguas, pedi um dom a Deus. Eu não estava inerte aquilo tudo, sentia a densidade da presença de Deus, que me empurrava pro chão, mas o ES não se manifestava em mim daquela forma (Creio, segundo a palavra em 1 Pedro 4:10 que a graça de Deus é multiforme - Cada dom é uma expressão individual e única da graça de Deus, refletida através da vida, personalidade e temperamento daquele que o recebeu)

Deus me disse que naquele momento estava me dando o dom do AMOR, e que aquilo seria o suficiente pro ministério que Ele tinha pra mim. Agradeci e daí pra frente desfruto disso.

Sofro preconceito porque tenho amigos gays e amigas lésbicas. Troco idéia e faço pequenas campanhas para encaminhar mendigos para abrigos e casa de recuperação e devido a isso, ja ouvi comentários de que eu mexia com drogas, por falar tanto com "aquela gente".

"Como, você lutando pra ser santa, fica de conversinha com gente assim?! Você precisa vigiar! Você se tornou um "imã de tranqueiras" - disse-me uma tia minha, certa vez.

No dia que minha tia me deu esse apelidinho carinhoso, eu mandei flores pra ela com um bilhete que dizia:

"Jesus ama as tranqueiras. E eu também te amo tia!"

Pra ser bem sincera, não dependo de aplausos pra seguir adiante com isso. O Senhor me diz todos os dias "Isabel, eu te amo. Você é amada". E, por alguma estranha razão, isso parece bastar.

Quando estou com essas pessoas (tranqueiras), eu nao concordo com muitas das coisas que falam e fazem, mas eu mostro alternativas, mostro que há perdão, há graça. Não porque eu digo, mas porque Jesus veio pra isso. O Deus que eu sirvo é o Deus que pega maltrapilhos pelo pescoço e os ergue para assentá-los com os príncipes e as princesas de seu povo.

Conheci certa vez, um travesti, chamado Lucca. Ele era receptivo e muito bem-humorado, mas a noite que conversamos ele caiu em lágrimas, porque havia mais alguem naquela conversa. Lucca havia sido um evangelista por 19 anos, quando descobriu que sua mulher o traía. Deixou tudo, e sem forças nem apoio, entrou para o mundo da perversão sexual. Naquela noite, enquanto orávamos, ele se ajoelhou na calçada aos prantos. Chorava tanto que mal conseguia pronunciar as palavras. Apertei sua mão, para que ele sentisse que se quisesse, poderia confessar coisas. Depois de alguns minutos, ele conseguiu me dizer:

"Deus estava falando comigo, eu O ouvi de novo!!! - e empolgado repetia - Ouvi a voz dEle de novo!!! Ele me disse que o amor dEle por mim é um amor que não mantém nenhum registro de erros, e então senti meu coração aquecido. Disse que eu pertenço a Ele e nada me arrancará de suas mãos"

Contemplei aquele rosto travestido e sorridente pela ultima vez. O abracei e segui adiante cantarolando. Não sei por onde anda Lucca, mas nunca mais o vi na Rua Augusta.

Texto extraído: Semana dos INCONFORMADOS! Capítulo 5 >>> http://www.fotolog.com.br/pray_something/52822009